sexta-feira, 29 de abril de 2011

pieces of you

Conforme o tempo foi passando, a situação mudou inutilmente milhões de maneiras diferentes. Nenhuma adiantou. Todas retrataram a dor e insatisfação. Onde sempre tudo terminava no mesmo final... Drogar-se dos outros, da maresia, do céu estrelado sem alguém do lado. Apenas aturar o peso, em silêncio. Continuar a sentir as mentiras como facas, as promessas como cristais frágeis.
" É, definitivamente muito frágeis ", terminou de pensar.
Não havia outra opção, deveria se calar e sofrer. O suor frio da corrida fez seu corpo tremer.
" Nunca vou entender porque continuo voltando para casa querendo fingir ser alguém "
Passou pelo portão, e andou pelo quintal que parecia sem fim. Não tinha ninguém em casa, isso a deixou mais calma. Explicar seu humor não iria ajudar naquele momento, preferia ficar calada, apesar de detestar o silêncio.
Estava amarga com a simplicidade da solução. Mas era melhor que a esperança. Conseguiria sobreviver, sabia disso. Lutava com as lembranças a cada segundo sem fim e quando se envolvia, se obrigava a sair. Mas isso não evitava uma ferida abrir.
" Lembranças. Quem precisa delas? O que fica atrás deveria permanecer atrás, não é justo ser atormentada nos momentos de fraqueza "
Não queria se permitir ser ridícula, ficava com a cabeça fria sempre que podia. Um banho resolveria isso, pensou. Levantou do sofá e se trancou no banheiro. No espelho só via as olheiras se apoderando do rosto cansado e vulnerável. Ligou o chuveiro calmamente, tremendo pelo impacto do seu corpo frio e a água quente. Ficou parada durante uns minutos. A verdade a queimava junto a cada gota caída na sua pele. Precisava fazer alguma coisa. Antes de lembrar qualquer coisa que a machuca-se novamente. Tomou banho se concentrando em cada passo e saiu correndo para o quarto. No desespero da busca pelo encontro desencontrado. Se vestiu rapidamente minimizando os pensamentos confusos.
Já nada importava, o tempo se escapava, não conseguia ser consciente disso. Pelo menos estava no mesmo lugar, em outras ocasiões se encontrava em lugares aos que não sabia como tinha chegado. Mas dessa vez a sua mente estava clara, sabia o que tinha que fazer.
" Enfim... Só aqueles que não sabem onde vão, querem saber de onde vem, nê? " Se perguntou.
E dessa vez uma certeza se espalhou pelo seu peito. Dessa vez ela sabia muito bem onde iria.

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